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terça-feira, 1 de setembro de 2009

Em busca do amor libertário

Em busca do amor libertário
Violência // Pernambuco está no topo de um triste ranking: número de mulheres mortas. Socióloga aponta machismo como uma das causas - Marcionila Teixeira
http://www.diariodepernambuco.com.br/2009/08/30/urbana8_0.asp

No caso dos inquéritos policiais, ela notou que em apenas um deles é reconhecido o crime de gênero, quando tem relação com passionalidade entre os sexos. Os demais apontam que as mulheres são vítimas simplesmente da violência urbana. "As relações existentes entre homem e mulher não são levadas em consideração para a prática do crime. Assim como não é percebida a submissão da mulher na sociedade. O relato trata todos iguais. Se o homem morre por conta da criminalidade, a mulher morre pelo mesmo motivo. O que não é verdade", explicou a socióloga.

Para Luzia Azevedo, a falta de análise dos dados é fruto de um comportamento condicionado. "Se a mulher é morta dentro de casa, pensa-se logo que é crime passional. Se ela morre na boca de fumo, é violência urbana. Nem sempre são olhadas todas as possibilidades. Ela pode ter sido morta em uma boca de fumo por ciúmes também", criticou. A proximidade da vítima com o agressor e o local onde foi morta são, segundo ela, os principais indicadores para se perceber o que ela chama de femicídio, ou seja, morte da mulher em razão do sexo.

De acordo com levantamento do Departamento de Polícia da Mulher, 38% dos assassinatos de mulheres registrados este ano no estado foram passionais. Mas para a socióloga, os números podem ser bem maiores. "Questiono como esse percentual foi construído. Só foram 38% ou há mais casos? A forma como os dados foram construídos representam a realidade?", comentou.

Na opinião de Luzia Azevedo, não basta apenas acrescentar informações de gênero às fontes de dados. "É necessário que a leitura desses indicadores tenha uma perspectiva feminista para se captar de maneira legítima a violência contra a mulher nos crimes investigados pelas instituições policiais", ressaltou. Somente assim, considera, políticas públicas mais eficazes de combate à violência de gênero podem ser postas em prática. "Entre 2004 e 2008, o Observatório da Violência contabilizou que 60% dos agressores de mulheres não foram presos. Não há sentimento de justiça e isso dá direito de matar. Porém, não basta prender o agressor. A mulher precisa de emancipação, acesso ao trabalho, segurança pública, habitação", concluiu.

Medidas Protetivas para a mulher vítima, segundo a Lei Maria da Penha

- Suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão competente

- Afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida

- Proibição de determinadas condutas, entre as quais: aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando limite mínimo de distância entre esses e o agressor; contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação

- Frequentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica da ofendida

- Restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço similar

- Prestação de alimentos provisionais ou provisórios, além de outras medidas previstas sempre que a segurança da ofendida exigir

Sintomas de um parceiro sob suspeita

- Quer ficar íntimo antes mesmo de conhecer melhor a mulher

- É controlador, tem o hábito de bisbilhotar celular, bolsas

- Tem histórico de violência sexual

- Já agrediu a parceira moralmente e fisicamente

- Vigia a parceira

- Tem ciúmes até de membros da própria família

- É chantagista emocional, ameaça se matar se ficar sozinho

- Tem hipersensilibidade e temperamento explosivo

- Se afasta e quer isolar também a parceira do ciclo de amizades

- Tem problemas em relacionamentos anteriores

Números da violência contra a mulher em Pernambuco

- 38,46% dos assassinatos de mulheres este ano tiveram motivação passional

- 279 assassinatos de mulheres foram registrados em 2007 (sendo 165 até julho)

- 283 assassinatos de mulheres foram registrados em 2008 (sendo 161 até julho)

- 171 assassinatos de mulheres foram registrados até julho deste ano

Fonte: Departamento de Polícia da Mulher

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